Alergias: Histórias reais

Wayne, 50 anos (bolor, poeira e outras alergias)


Há um caso em minha família sobre como as alergias do meu pai salvaram a vida dele. Ele era um médico da marinha durante a Segunda Guerra Mundial e seu trabalho era administrar injeções de penicilina a soldados doentes. Naquele momento, ele não sabia que era alérgico à penicilina. O medicamento era tão novo que ninguém imaginava que uma pessoa poderia ser alérgica a ele. Como você pode ter já imaginado, ele desenvolveu uma irritação terrível devido à exposição contínua à penicilina. Quando seu navio se preparava para navegar, ele foi forçado a ficar para trás, muito doente para abandonar sua base. Bem, o navio afundou, matando praticamente todos a bordo.

E como sou o filho do meu pai, eu herdei suas alergias. Os médicos sempre souberam que eu tinha alergias antes mesmo de ver meu histórico de saúde: a parte interior do meu nariz é roxa. Aparentemente, esta é uma característica de pessoas alérgicas.

Meu problema começou na minha infância, com meus olhos. Eles sempre estavam coçando, especialmente quando eu tentava dormir. Após algum tempo, eu desenvolvi um nevo em meu olho - uma formação de uma espécie de bolha endurecida na parte branca. Não interferia em minha visão, mas não era nem um pouco bonito. Então, eu tive o nevo removido em um cirurgia. Eu me recordo bem do procedimento inteiro. Meus olhos estavam bem abertos. Naquela noite, eu saí em meu primeiro encontro com Cynthia, a mulher que no futuro se tornaria minha esposa. Durante o encontro, eu me lembro de pedir à Cynthia que se sentasse nas laterais do cinema (ao invés de sentar-se no assentos do meio), pois assim eu poderia virar meus olhos e ver o filme, aliviando o desconforto de ter uma sutura no canto do meu olho.

As coisas andaram relativamente bem na década seguinte. Cynthia e eu nos casamos e tivemos três filhos maravilhosos. Então nos mudamos para nossa primeira casa em Baltimore, e os problemas começaram novamente. Desta vez, eu tinha tosses e teria dores de cabeça e febres baixas diariamente. Eu tomava aspirina para aliviar as dores e febres. Meu médico fez alguns testes, porém se mostraram inconclusivos, e ele não conseguiu me ajudar. Então fui a um outro médico que suspeitou que minhas febres baixas eram causadas por sinusite. Para testar esta suspeita, ele sugeriu que eu parasse de tomar aspirina e lhe dissesse o que aconteceria. Uma vez que meu corpo estava livre de aspirina, eu tive dores intensas. Meu rosto doía acima e abaixo dos olhos, eu tive uma dor de cabeça enorme e minha febre piorou muito. Na realidade, eu era alérgico ao bolor presente no porão da minha casa nova, o que causou uma infecção nos seios nasais. Ao tomar aspirina todos os dias, eu tinha conseguido amenizar os sintomas. Uma vez que eu parei de tomar aspirina, os sintomas explodiram, tornando a infecção mais fácil de se diagnosticar.

Felizmente para mim, assim que meu médico descobriu que era uma infecção nos seios nasais, foi algo relativamente fácil de curar. Eu passei então a tentar "manter meu nariz limpo" usando um descongestionante contendo pseudoefedrina, porém eventualmente eu tive que parar com este medicamento. Ele elevava minha pressão sanguínea e me deixava deprimido se eu tomasse por muitos dias em sequência. Ao invés de medicamentos, eu passei a praticar natação e a frequentar banhos turcos para permanecer sem infecções. Praticar corrida também me ajudou.

Infelizmente, as coisas nunca duram para sempre. Nos anos seguintes, minhas alergias pareceram se intensificar. Elas ficaram tão ruins que eu não conseguia entrar em casa: meus olhos reagiam instantaneamente ao ar de dentro da casa. Então, numa manhã fria, eu saí para uma simples corrida, e fiquei sem ar. Pânico! Eu liguei para meu médico e marquei uma consulta rápida. O diagnóstico foi asma induzida por exercícios. Com todos os aumentos dos meus sintomas, meu histórico de infecção nos seios nasais e agora um caso de asma, meu médico decidiu me enviar para uma clínica de alergias. Lá, um teste na pele revelou que eu era altamente alérgico a tasneira, ácaros e baratas.

Tive de convencer Cynthia a sair de sua casa dos sonhos porque não conseguia mais viver ali. Compramos uma casa nova (sem porão) e eu comecei a imunoterapia. As injeções me ajudaram a descobrir algumas coisas novas sobre mim. Por exemplo, eu aprendi que a sonolência é um sintoma alérgico para mim. Anti-histamínicos que normalmente deixam as pessoas sonolentas, me ajudam a acordar!

Às vezes acho que não é justo. Por que eu tenho todas estas alergias enquanto outras pessoas não têm? O que eu fiz para merecer isso? Na verdade, eu acho que apenas sou o filho do meu pai, e posso apenas esperar que um dia minhas alergias também salvem minha vida.

 


Data da revisão: 6/29/2011
Revisão feita por: Paula J. Busse, MD, Assistant Professor of Medicine, Division of Clinical Immunology, Mount Sinai School of Medicine, New York, NY, Review provided by VeriMed Healthcare Network. Also reviewed by David Zieve, MD, MHA, Medical Director, A.D.A.M., Inc.
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