Asma: Histórias reais |
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Nancy Hogshead, medalha de ouro nas Olimpíadas de 1984
Como muitos de vocês, eu tenho asma. Sim, é verdade: eu, Nancy Hogshead, vencedora de três medalhas de ouro olímpicas, tenho asma, assim como centenas de outros que competiram nas Olimpíadas.
Não foi fácil me preparar para as Olimpíadas. Trabalhei por muito tempo e com muito esforço por mais de dez anos. Meus dias começavam com natação às 5h30 e não terminavam até que eu tivesse feito pelo menos mais duas sessões de treino. Uma boa saúde sempre foi meu objetivo, já que sem ela eu não poderia esperar vencer provas. Atletas com asma que cuidam de sua asma tão seriamente quanto do seu treinamento têm as mesmas chances de chegar às Olimpíadas (e mesmo de ganhar medalhas de ouro) que qualquer outra pessoa.
Na primeira vez que um médico me pediu para subir na esteira e testar se eu tinha asma, achei que ele fosse louco. Pensei que pessoas com asma fossem chiadoras, sem boa saúde. Eu era uma campeã mundial em natação, não uma fracote. Claro, eu adoecia frequentemente e sempre tossia durante e depois dos exercícios... mas quem não respira com esforço depois de uma competição intensa contra bons oponentes? Mas este médico me disse que pessoas com asma nem sempre chiam (eu não chiava) e que aproximadamente dez por cento dos atletas olímpicos de todos os tempos tinham asma. Então, ele me deu uma lista de sintomas e eu tinha quase todos. Concordei em fazer o teste e fiquei surpresa ao descobrir que quando eu realmente me esforçava, poderia estar nadando com 40% a menos da minha capacidade pulmonar!
Ser diagnosticada com asma não foi o fim da minha história com a doença; foi apenas a primeira etapa para uma vida mais saudável. Estava empolgada em aprender que com um broncodilatador eu poderia me exercitar sem perder o fôlego (isto é, não mais do que eu deveria perder). Mas ainda pensava que usar o meu inalador fosse algo que eu pudesse escolher ou não fazer. Considerava-o um luxo, não uma necessidade. Você sabe onde isto me levou? Fui hospitalizada, incapaz de respirar e com os músculos das costas estirados por causa da tosse. Eu estava ainda mais frustrada porque, pela primeira vez, eu sabia que não precisava ficar doente. Se eu tivesse feito o que meu médico havia me dito para fazer, nunca teria chegado àquela condição. Foi uma experiência assustadora e triste, que prometi a mim mesma nunca mais repetir.
A experiência no hospital me ensinou a tornar o gerenciamento da minha asma uma parte da minha rotina diária. Mas para controlar realmente a minha asma, eu precisava aprender a monitorar a minha condição e tratar rapidamente o menor dos sintomas, mesmo que eu achasse que estava tudo bem comigo. Lentamente, eu melhorei na associação de pequenos sintomas físicos com a asma e até aprendi a prever quando a leitura do meu fluxo de pico estava um pouco baixa. Aprendi que alguns medicamentos controlavam minha asma melhor do que outros e alguns me deixavam indisposta. Foi um processo de tentativa e erro que durou um ano, mas, mantendo-me nele, eventualmente eu encontrei os medicamentos que funcionavam bem para mim, permitindo que eu fosse esquiar na neve mesmo que o ar estivesse gelado. (O ar seco e frio é um dos meus piores desencadeadores da asma.) Ter asma não é motivo para estar doente. Pode levar algum tempo, mas se você trabalhar com o seu médico, encontrará a melhor forma para tratar a sua asma!
A maioria das pessoas fica surpresa ao descobrir que eu sou tão saudável hoje quanto eu era nas Olimpíadas. Isto porque ser saudável não significa apenas estar em forma. Eu costumava pegar o que eu pensava ser bronquite e resfriados que me deixavam doente por mais de um mês todos os anos. Antes que eu soubesse da minha asma, eu estava sempre lutando para recuperar meu fôlego. Tossia com frequência e algumas vezes desmaiava depois de uma natação puxada. Agora que eu sei como controlar a minha asma, eu não preciso perder nem um único dia. Os exercícios tornaram-se uma experiência agradável para mim porque não preciso mais perder o fôlego.
A sua asma não deve incomodar você e com um gerenciamento assíduo e adequado, ela não vai. Pode não ser fácil alcançar isto, mas colocará você, não a sua asma, no controle da sua vida. Não significa apenas tratar os sintomas quando você os tiver, significa prevenir os sintomas fazendo algo todos os dias para manter pulmões saudáveis. Cuidar da sua asma é como escovar os dentes: se você faz isto todos os dias, raramente terá problemas.
Eu gostaria de ter descoberto sobre a minha asma antes, assim poderia ter começado a me sentir melhor mais cedo. Ao invés disso, eu desperdicei muito tempo ficando frustrada quando estava doente, não sabendo como evitar ficar doente antes de tudo.
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